quarta-feira, 27 de janeiro de 2010




Um anarquista dos pincéis, um
defensor da Arte Naif.
por
Silvana Baierl

A pintura registra o fascinante
talento de um artista.
Para o carioca Luiz Roberto Rocha
Maia, o sentido exato desse processo
está no entrelaçamento de duas
palavras: imagem e ação, resultando
na imaginação fluída, na criatividade
lúdica de uma poética ingênua, mas
de incomparável prazer em conceber
diferentes cenas do cotidiano e
de suas histórias, construídas mentalmente.
Rocha Maia hoje é um dos principais
pintores da Arte Naif Brasileira,
ou de uma arte moderna ingênua,
que não segue exigências acadêmicas.
“Sobre este prisma, chego a ser
um anarquista no uso do pincel”,
confessa.
O artista usa técnicas mistas sobre
qualquer superfície que consiga
segurar a tinta. É um pintor que sabe
fazer, sentir e solidificar o tema, como
um laboratório de criação pictórico.
“Sou fiel a uma aparência coerente,
sem me importar com o grau
de intelectualidade ou com a aprovação
do apreciador”, acrescenta.

Suas telas reproduzem o que é
retirado do cotidiano, das vivências
de seu autor e de tudo que toca seus
sentimentos. Em 2007, viajando para
Portugal, Rocha Maia pintou uma
série de quadros, deixando transparecer
toda sua paixão pelas terras lusitanas.

Algo despertou suas raízes
e gerou até uma saudade genética.
Num quarto de hotel, na pequena
cidade de São João da Madeira, deu
início a uma produção de 60 telas da
série “Minha viagem a Portugal”,
ex-postas nas cidades de Brasília/DF, Teresópolis/
RJ e Cabo Frio/RJ. A cultura
brasileira também o inspirou na produção
de uma série com mais de 50
quadros, intitulada “Brasil, ingenuidade
contaminada”.

Sempre que possível, sua pintura
conta uma história, embora muitas
vezes uma única tela não seja
suficiente. Cada quadro cumpre a
função de um capítulo. As coleções
maiores chegam a ter trinta ou mais
quadros; as menores se completam
com três ou quatro telas.
Rocha Maia se manifesta sem regras
e disciplinas. Não se prende, tão
pouco, a um naif primitivista. É uma
arte livre, sem escolas, envolvida pela
força do tempo, do mundo e de sua
sensibilidade.
Jornada artística
Luiz Roberto Rocha Maia nasceu
na Tijuca, tradicional bairro do Rio de
Janeiro/RJ. Morou em Copacabana,
em Belém/PA, em Guaratinguetá/SP
e também na capital paulista. Com 21
anos, estava na área rural de Teresópolis/
RJ. Desde menino, seus desenhos
contavam uma história. Mas foi com
seu avô, Domingos, que o artista se encantou
com a pintura. “Fui passar o feriado
de Carnaval com a família, e meu
avô se encontrava muito doente. Sem
sair da cama, me pediu para dar algumas
pinceladas em uma tela inacabada,
na tentativa de concluir o que seria
seu derradeiro quadro”, lembra Rocha
Maia. Depois, o avô lhe ofereceu o cavalete,
a mala de tintas e os pincéis,
além de duas telas em branco. E a Arte
Naif começava a contar com mais um
nome entre seus talentosos defensores
no Brasil.
A partir de 1997, Rocha Maia começou
uma jornada artística, intensificando
a realização de mostras individuais
e coletivas para expor seus trabalhos.
Foi recusado em algumas, selecionado
em outras e premiado na maioria
delas, no Brasil e no exterior, como em
Cuba, Portugal e França.
Estabelecido em Brasília/DF há 30
anos, junto com sua esposa e artista
plástica KazuMaia, montou o ateliê
Luz Dourada, com excelente condição
ambiental e confortáveis instalações.
“Na condição de ateliê aberto, podemos
receber visitantes e interessados
em participar de oficinas livres e cursos
previamente agendados”, informa Rocha Maia.

Mais do que um autodidata, hoje
Rocha Maia é um verdadeiro alquimista
da pintura, um naif contaminado.
Entre tentativas, acertos e erros, passou
a ser crítico de si mesmo. “Quero
apenas deixar meu recado, dar minha
contribuição à arte”, ressalta.
O calor, a luz do sol, as diferenças
entre as pessoas, suas casinhas rústicas
e roupas coloridas despertam a necessidade
de pintar do artista. Conduzem
o traço para formar um desenho
de tudo o que imagina. Com a prática,
a técnica se tornou mais apurada, nos
proporcionando telas que ressaltam
a força de uma liberdade que o artista
tem ao encontrar seu próprio caminho.
Um privilégio que é fruto de seus
estudos como autodidata, fruto de sua
determinação em construir uma proposta
nova, uma arte naif brasileira em
franca evolução.

Luiz Roberto Rocha Maia
Tel: (61) 9968-4543
E-mail: rochamaia@hotmail.com
www.rochamaianaif.com

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