No dia 25 de agosto de 2012, em Valparaíso de
Goiás, foi realizada, pela SVAP – Sociedade Valparaisense de Artistas Plásticos,
solenidade de Diplomação de Grau de Excelência aos artistas:
Antonio
Alves de Souza,
Antonio Wanderlei Santos Amorim,
Israel Quirino do Nascimento,
Luiz Roberto da Rocha Maia,
Marcílio Tabosa de Castro,
Otoniel Fernandes Neto.
O evento, coordenado pelo presidente Elves de
Arimatéia (Goári), realizado no Atelier da Artista Plástica Joelma Pinheiro,
contou com exposição de obras dos homenageados e participação dos artistas
plásticos Odalva Guimarães e Japão, presença de diversos artistas e convidados,
finalizado, a comemoração de mais um aniversário da entidade, que completou sete
anos de luta em prol das artes e cultura na região.
Na ocasião foi lembrado por artistas associados
o aniversário do Alvimar, 30/08, presidente-fundador que tem dedicado décadas
de sua vida a organização do segmento, sugerindo-se o título de presidente de
honra da instituição. (Matéria VALTV)
Por dentro da arte de Rocha Maia
(Quadro: “Favela Tour” - Ganhador do Prêmio
Primeiro Lugar - Aquisição, no IV Salão de Artes Plásticas de São José do Rio
Preto-SP 2011)
Art naïf (arte ingênua) é o estilo a se propagar nas pinturas do artista
plástico Rocha Maia. É um homem culto, comunicativo, sensível, que pensa muito
antes de armar-se de espírito critico a qualquer fato pessoal ou do cotidiano;
prefere transferir toda essa energia para a tela de pintura. É um conciliador,
de avaliações corretas. Suas obras são crônicas de acontecimentos atuais em
cores vibrantes bem masculinas, as linhas dos desenhos estão sempre impregnadas
de nostalgia. Gosta de compor com poucos gradientes do claro ao escuro, o
suficiente para criar profundidade, de forma espontânea e simplificada salpica
pequenos universos em movimentos, sejam: animais, humanos ou objetos, como as
pipas suspensas em atmosfera de festa. Todos participativos dos espalhes
geométricos do primeiro plano da tela – assentados nos dois quadrantes inferiores.
Os papagaios de rabos compridos indicam os cabos aéreos, estes, reforçam,
instintivamente, a existência da meia lua que determina o limite da composição
mais frio ao fundo nos quadrantes superiores da tela.
Transfere meticulosamente a sua
ingenuidade para as figuras vibrantes, mas, se tratando de obra de um homem
letrado, a subjetividade é mais profunda, existe um enigma. Algo não condiz com
a bela profundidade da paisagem, uma mensagem oculta impregnada de alerta aos descasos,
bem coloquiais. O aviãozinho que o Cristo mau vê, está indiferente. A linha do horizonte
está no filete, representado pela cadeia de montanha em tons claros abaixo da
nave. Esses montes elevados separam o mar do céu, é o centro do quadro que
escorrega em direção ao ponto geométrico, um lance em azul claro, colado no
costado do Pão de Açúcar, onde as linhas do quadro convergem.
A obra toda está em harmonia, o céu, as nuvens estão em uma profundidade
transcendente que abraçam o Cristo Redentor para escondê-lo, os braços abertos determinam
a leveza do espaço superior e a composição desce vertiginosamente ao principal
peso visual. O fundo acima Dele com um leve tom de violeta cobalto, carmim ou
marrom acrescenta uma dramaticidade que paralisa o aviãozinho de mesmas cores.
A posição do aviãozinho faz descer o ponto perceptivo no pico do Pão de Açúcar
e, voa em segundo plano do quadro, onde concentra as formas irregulares e
claras dos prédios socados a beira mar. Esse deveria ser o centro, não menos
vibrante essa é a metrópole distante, porém, não participam do dinamismo do
primeiro plano. A sua energia está ínfima e lacônica, em relação à riqueza de
vibrações das cores quentes dos casebres, dos pequenos personagens e seus dramas
resultado da coloração, mistura que oferece radiações diferentes de luz
propiciados pela paleta e pinceis do sonhador.
A art naïf diverge dos conceitos
acadêmicos tradicionais e não se enquadra com qualquer movimento modernista.
Rocha Maia tem estabelecido sua presença nas artes plásticas, descompromissado
de qualquer tipo de curso ministrador. Um primitivista brincalhão, perito em
narrar histórias triviais em tela. Nunca perde a elegância, quando quer
materializar um tema, seus trabalhos não são irracionais ou apenas figurativos.
Ele acrescenta vida, dinamismos. Observe no canto inferior, esquerdo, o impulso
ansioso dos dois garotos subindo a escadaria; no canto oposto está uma nega, a
boneca com o olhar a cinco graus de frente ao espectador insinuando uns passos
de dança, etc. Tudo sem maldade, a realidade vivida pela humanidade. Critica aos
contrastes sociais e suas injustiças em universo pictórico. Mas sem malícia, trabalha
a instabilidade sem deixar a doçura, a alegria e a graciosidade, atormenta-se
com os comportamentos parciais, que separam apaixonadamente as classes.
neGO - 2013